Mães sinceras: um papo sobre a maternidade como ela realmente é

Por Pedro Gandra | Maio 6, 2022 |

Mães muitas vezes são lembradas como aquela que está sempre disposta a atender as necessidades dos seus filhos, deixando as suas de lado. Arruma a casa, faz comida, cuida do marido e ainda vai para o trabalho todos os dias sem reclamar, com um sorriso no rosto. Até virou ditado popular: mãe é tudo igual, só muda de endereço.

Nenhuma instituição vai te ensinar a ter tanta paciência quanto um bebê, indefeso.. Maternar é errar, e tentar, e errar de novo, é se sentir o pior ser humano do mundo, e no segundo seguinte ver o sorrisinho da cria e dizer “acho que eu tô no caminho certo".

Gabi Modesto

"A mãe pode ser sim uma "super mãe" pelo olhar de uma criança, em especial na primeira infância, pois ela supri suas necessidades, desejos e corresponde aos seus afetos, então faz que isso se torne especial para eles" explica a psicóloga, Munique Brandão, que também é escritora e mãe de dois.

A rotina de ser responsável pela vida de alguém, além das próprias responsabilidades, demanda esforço e pode ser um processo muito desgastante, onde elas sentem medos e inseguranças. Além disso, a gestação e o pós-parto é um período de muitas adaptações na vida da mulher, pois ocorrem inúmeras mudanças no seu corpo, alterando o metabolismo e a produção de hormônios. Tudo isso pode elevar os riscos de desenvolver alterações psicológicas.

Segundo Munique, vivemos uma cultura tóxica que enxerga a maternidade como algo sagrado, ao invés de um acontecimento normal. Em algumas sociedades, acredita-se que ser mãe é a essência da vida de uma mulher.

Existem mães que até chegam a se perguntar se esse papel realmente vale a pena, e escondem esses sentimentos por vergonha ou medo de serem julgadas, inclusive por outras mães.

Ela ressalta que, "é difícil levar em conta que a maternidade é um tipo de relação humana e, como em qualquer relação, pode haver todo tipo de emoções e sentimentos, inclusive o arrependimento, pois geralmente pode estar ligado ao um cansaço extremo de acúmulos de funções, outras mães não queiram poder voltar atrás , mas não significa que não amam seus filhos".

Nós mães sempre queremos dar o melhor de si para os nossos filhos né? Mas tem dias que o cansaço toma conta, e tem dias em que acordamos e pensamos se estamos fazendo o certo ou o suficiente. A maternidade real tem choro, abraço, tristeza, alegria, gritos, birras, mas além de tudo tem o amor.

Ana | Maternidade

Para a psicóloga, é preciso desmistificar essa crença social da maternidade, que já é muito complexa em tempos modernos. No Brasil, por exemplo, são 11 milhões de mães solo, que enfrentam algum tipo de dificuldade no âmbito familiar. Em muitos casos, elas não contam com o apoio ou qualquer auxílio dos pais de seus filhos - nem mesmo pensão -, ou de seus parentes.

Apesar da compreensão atual do que é ser mãe estar mudando, devemos continuar incentivando desde a infância a entender o que é sororidade, para que as gerações futuras consigam tratar esse período tão complicado com mais empatia, de forma natural.

Criar ambientes seguros para que as mulheres possam compartilhar informações e ensinamentos umas com as outras, proporcionando a troca de experiências e desabafos, ajudando as que se sentem sobrecarregadas, são atitudes que promovem crescimento mútuo dentro da sociedade.

Maternidade real é dormir pensando nas responsabilidades e acordar com o peso delas nas costas, peso também das culpas que insistem em nos acompanhar. Mas por outro lado, a maternidade real também é saber que tudo aquilo vai passar, que logo eles crescem e saem dê debaixo das nossas assas e voam! Então, mãe que está lendo esse texto, viva intensamente com seu filho e acredite que dias melhores estão por vir! Ah, e afinal, você é uma mãe incrível e está fazendo um ótimo trabalho! ❤️

Aline Negrão